Outubro Rosa: Mulheres se destacam na direção e revelam importância do cuidado com a saúde
Sombra nos olhos, batom na boca, unhas pintadas e cabelos arrumados, para Tânia Gaijutis, motorista de caminhão de uma transportadora, a vaidade é uma passageira obrigatória em todas as viagens.
De acordo com o INCA - Instituto Nacional do Câncer, o câncer de mama é o mais comum entre mulheres no mundo, depois do câncer de pele não melanoma, correspondendo a aproximadamente 25% dos novos casos a cada ano. Este tipo de câncer é também o que causa mais mortes entre as mulheres. Como forma de apoio à campanha do Outubro Rosa a CART - Concessionária Auto Raposo Tavares conversou com duas motoristas que mostram como a informação e a prevenção podem salvar vidas dentro e fora das rodovias.
Sombra nos olhos, batom na boca, unhas pintadas e cabelos arrumados, para Tânia Gaijutis, motorista de caminhão de uma transportadora, a vaidade é uma passageira obrigatória em todas as viagens. Nas estradas há 14 anos, Tânia está acostumada a trabalhar em um mundo dominado por homens e diz com muito orgulho que não trocaria a profissão por nada. Contando sobre sua rotina, ressalta que a saúde é um fator que não pode ser deixado de lado, Tânia relata que janeiro já é fixo na sua agenda como o mês do check-up, quando ela realiza todos os exames preventivos necessários para garantir a segurança e disposição para realizar seu trabalho.“A gente, atrás do volante, é responsável por muitas vidas, uma vacilada, pode colocar pessoas em risco, por isso a saúde tem que estar 100%”, comenta.
Se detectado de forma precoce, as chances de cura do câncer de mama aumentam, por isso é necessário estar sempre atenta ao próprio corpo, independentemente da idade. Para quem está sempre na estrada, como Tânia, além dos check-ups anuais, pode também contar com ações de saúde, como o Saúde & Cidadania da CART. A ação itinerante realiza exames rápidos, como aferição da pressão arterial e testes de glicemia. “A vida de caminhoneira é corrida, mas, em primeiro, lugar a mulher deve pensar na saúde, por isso sempre que vejo um posto de atendimento eu aproveito para fazer uma checagem”, conta Tânia. Além de aproveitar os eventos na estrada, a motorista ressalta a importância do autoexame e de estar sempre atenta. “Se sinto que tem algo errado, já marco logo uma consulta”, conta. A orientação é que as mulheres realizem a mamografia anualmente e conheçam seu corpo, fazendo sempre o autoexame e permanecendo alerta a qualquer alteração nas mamas.
Campanhas como a do Outubro Rosa ajudam nesta importante conscientização, abrindo espaço para a participação da população, empresas e entidades na luta contra a doença. De acordo com o gerente de relações institucionais da CART, Athayde Caldas Júnior, a campanha surgiu na década de 90 e durante todo mês visa conscientizar e alertar toda a sociedade sobre a importância do diagnóstico precoce, da prevenção e tratamento desta doença. De acordo com Athayde a campanha traz informações importantes, não só sobre o diagnóstico precoce, mas também sobre a prevenção, “Além dos exames, cerca de 30% dos casos do câncer de mama podem ser evitados mantendo uma alimentação saudável, evitando o consumo de bebidas alcóolicas, praticando atividade física de forma regular, mantendo o peso corporal adequado”.
[caption id="attachment_1102" align="alignnone" width="303"] Marina Nunes Pereira, motorista há 15 anos[/caption]
Superação, esta foi a palavra de ordem para Marina Nunes Pereira, de 38 anos, motorista há 15 anos. A profissional que trabalha em uma empresa de transporte coletivo de Presidente Prudente conta que quebrou barreiras e preconceitos quando decidiu ingressar em uma profissão ainda considerada masculina.
“Sempre tem alguém que não admite se a mulher ocupa um cargo considerado masculino, principalmente, quando ela exerce bem a função. Fui muito bem acolhida em Presidente Prudente, o pessoal gosta de mim e muitos colegas de trabalho me admiram. Já de onde comecei, em Campo Grande (MS), eu fui a primeira mulher motorista e foi um grande desafio, já ouvi comentários machistas, mas tive que me superar. No início da profissão, eu ia para o meio da oficina e os meninos abriam o motor e eu colocava a mão na graxa, ajudava a desmontar, arrebitava lona de freio, estava ali no meio, aprendendo e superando”, revela.
Na direção do ônibus, Marina conta que o diferencial de uma motorista mulher é a sensibilidade, a delicadeza e a proximidade com os passageiros. Comunicativa e sorridente, ela conta que é feliz no que faz e por isso conquistou tantos amigos. “No trabalho, a maioria dos passageiros me veem como uma amiga, eles chegam e me cumprimentam. É difícil não voltar para a casa com um agrado: um bolo, um refrigerante, um lanche, um queijo, um chocolate, um presente. Às vezes é uma florzinha, simples, que é retirada do quintal da vizinha. Isso já faz a diferença no meu dia”, destaca.
Todos os dias que embarca no ônibus a motorista não esquece de estar bem consigo mesma. Ela revela que a vaidade, o cuidado com o corpo e o bem-estar são fundamentais para a valorização da autoestima e a qualidade de vida. “A vaidade tem que estar presente. Sempre procuro estar arrumada e de batom, quando eu não passo, tem um passageiro, um menininho, que sobe no ônibus e me pergunta: ‘Marina você não está de batom hoje? Marina cadê a sua presilha?’ – e isso é importante para nossa autoestima, assim como o cuidado com a saúde”, ressalta.
E ao falar de saúde, a motorista destaca que religiosamente - uma vez por ano - realiza todos os exames preventivos. “Eu costumo aproveitar sempre o período das minhas férias, pois tenho mais tempo livre. É quando vou para Campo Grande e faço todos os exames necessários. Não tem desculpa, tem que fazer o exame de colo de útero, exame de mama, sangue e todos os necessários. Isso é prevenção”, destaca.
Realizada em sua profissão e com os olhos marejados de lágrimas, Marina confidencia que é feliz em sua carreira e que se sente orgulhosa por saber que tem o apoio de sua família. “Muitas vezes o meu filho me acompanha nos cursos que faço de motorista e é um ambiente que só tem homem e apenas eu de mulher. Hoje ele está cursando psicologia, ele olha para mim e diz que quer ser motorista, eu digo que primeiro ele deve terminar a faculdade para depois decidir qual caminho seguir, mesmo assim vejo que ele sente orgulho e admiração. É uma profissão que eu decidi seguir, eu amo o que eu faço”, finaliza.