24/11/2017

Ex-diretores alegam total desconhecimento sobre horas extras fantasmas

O 4º dia de depoimentos na CPI que investiga pagamentos irregulares de horas extras na Codesan foi pouco produtivo. Na tarde desta quinta-feira (23), foram ouvidos o ex-diretor financeiro da empresa nos governos Mira e Maura, Rubens de Paula Vieira, e o ex-diretor executivo na gestão Otacílio, José Antônio Vidor. Ambos não disseram nem que as horas fantasmas existiram e tão pouco que nunca foram pagas: afirmaram não ter conhecimento algum sobre o assunto, pelo menos no período em que trabalharam na Codesan.

[caption id="attachment_6209" align="aligncenter" width="300"] José Antonio Vidor: "Entrei depois que as horas extras já não eram mais pagas"[/caption]

O primeiro a depor foi José Antônio Vidor, que esteve na diretoria da companhia, sob a presidência de Eduardo Blumer, até 2015. Ele declarou aos membros da CPI que entrou na Codesan em meados de 2013, quando a reestruturação salarial motivada também pela descoberta das horas extras irregulares já havia sido consumada. A partir daí, Vidor disse não saber nada a respeito do caso, que nunca teria sido discutido com ele em todo período em que permaneceu na empresa. Disse ainda que seu trabalho era basicamente externo, de campo, por isso alguns assuntos da administração da Codesan não passavam por ele.

A oitiva de Rubens de Paula Vieira era a mais aguardada, já que ele estava como diretor financeiro quando a empresa era presidida por José Eder Pereira, morto em agosto deste ano em decorrência de um acidente na rodovia SP 225. A suspeita, após os primeiros depoimentos a CPI, é de que as horas extras não trabalhadas começaram a ser pagas como complemento salarial durante a gestão de Edinho, como era mais conhecido. Rubens disse desconhecer qualquer pratica do tipo e afirmou que só teve ciência dessas irregularidades agora, por meio de veículos de imprensa. Quando questionado sobre seu papel de diretor financeiro e se fiscalizava os pagamentos da folha salarial, Rubens foi taxativo ao declarar que não tinha acesso a informações pormenorizadas, como os salários de cada funcionário, por exemplo. Disse que recebia um arquivo com os valores que deveriam ser empenhados em cada setor, inclusive na folha, e tinha que destinar os recursos. Foi além: inquirido, admitiu que se dez funcionários fantasmas fossem colocados no quadro da empresa ele provavelmente não teria como saber e o dinheiro seria liberado. Segundo Rubens, o controle de horas extras passava pelo RH e pela anuência da presidência. Concluiu reforçando que jamais teve conhecimento sobre os fatos investigados e que nunca seria conivente com tais procedimentos.

[caption id="attachment_6210" align="aligncenter" width="300"] Rubens de Paula Vieira: "Eram mais de 400 funcionários, eu não tinha como saber quanto cada um recebia e se realmente tinha trabalhado"[/caption]

 

A CPI volta a se reunir na próxima segunda-feira (27) para novas oitivas. Ainda não há confirmação dos nomes e horários dos depoimentos.